8 coisas que aprendi com a série Abstract: The Art of Design

Na sexta-feira passada (dia 10/02) a Netflix disponibilizou 1 temporada da séria de documentários chamada Abstract: The Art of Design e é claro que eu não poderia deixar de assistir. Para quem não sabe eu sou designer, e simplesmente amo esta profissão tão desvalorizada no nosso país. Ver que a Netflix havia lançado esta série foi uma grata surpresa e cada documentário me fez relembrar um pouco do porquê eu amo design. Seguem 8 coisas bem bacanas que aprendi – ou relembrei – com os episódios de Abstract: The Art of Design.

1. Para criar, é importante ter uma mente livre

Cada documentário da série é focado em um designer contemporâneo. No primeiro temos Christoph Niemann, o ilustrador do The New Yorker. Ele mostra seu processo criativo e conta sua história profissional.

Abstract: The Art of Design

Uma importante reflexão que ele traz é que às vezes ficamos tão preocupados com nossos prazos e obrigações que o ato de criar acaba se tornando estressante por ter que cumprir determinadas expectativas. Com isso, o que ele passou a fazer foi tirar um tempo livre para criar. Nesse tempo que ele tira para ele tudo o que ele faz é pegar o papel e a tinta e simplesmente desenhar qualquer coisa que vem à mente.  Sem se preocupar com resultados, sem se preocupar com deadlines, simplesmente desenhar.

Isso faz com que a imaginação corra solta, trazendo resultados mais criativos e fazendo também com que a prática leve a melhorias do trabalho.

Abstract: The Art of Design

Ele acabou transformando esses momentos em um projeto livre lá no instagram, o Sunday Sketches, que vale a pena dar uma conferida.

 

2. Sair e experimentar a vida

No segundo episódio Tinker Hatfield mostra sua carreira de designer de tênis da Nike. Ele é o cara quem criou os tênis esportivos como conhecemos hoje. Ele praticamente todos os tênis da carreira de Michael Jordan, e além disso, foi ele quem fez aquele incrível tênis que ajusta os cadarços automaticamente do filme De Volta para o Futuro. Falando nisso,  ele está há anos desenvolvendo uma versão real do tênis e ele deve chegar no mercado em breve! Inclusive em 2015 eles levaram um protótipo funcional pro próprio Michael J. Fox experimentar, que ficou encantado.

Abstract: The Art of Design

Abstract: The Art of Design

Ele fala várias coisas bacanas no documentário dele. Tinker acredita que arte é a maior autoexpressão de um indivíduo, mas o design tem como objetivo maior resolver um problema para uma pessoa, e, de preferência, seja bonito.

 

Um conselho bacana que absorvi desse documentário é: para criar é bom sair e experimentar a vida. Isso faz com que criemos um acervo mentar rico que nos permite explorar e traduzir em designs inovadores. Ficar trancado em um escritório não dá boa base.

 

3. Fazer design por amor

Abstract: The Art of Design

O terceiro episódio traz a arte de Es Devlin, uma cenógrafa conhecida pos seus trabalhos com Beyoncé, Kanye West e Jay Z, Adele, U2, entre outros, além de cenografias incríveis para peças de teatro.

Abstract: The Art of Design

Para ela, geralmente, coisas são feitas para preencher vazios. E ela gosta de preencher esses vazios com arte.

O documentário dela mostra muito seu lado artístico e seus trabalhos grandiosos. Mas o que vi de mais importante nisso tudo é o amor pela profissão. Amor não paga as contas, como todos nós sabemos, mas fazer algo com amor é a melhor maneira de ser bem-sucedido no que se faz e se sentir realizado. Fazer algo com amor é fazer bem-feito.

 

4. Para realizar seus maiores sonhos dê um passo de cada vez

Bjarke Ingels, arquiteto dinamarquês com um jeitão meio Peter Pan, fala de várias coisas muito bacanas também. É incrível ver como todos eles são tão apaixonados pelo que fazem.

Abstract: The Art of Design

Bjarke tem como regra “yes is more“, ou seja, sim é mais. Ele acredita que não se deve dizer não a nenhum projeto, por menor que ele seja. Ele gosta de transformar seus sonhos em realidade. Ele imagina seus edifícios e arruma uma maneira de transforma-los em realidade. Em outras palavras ele usa a arquitetura como um meio de manifestar seus sonhos no mundo real.

Abstract: The Art of Design

Abstract: The Art of Design

Ele pega a necessidade e a utilidade das coisas e acrescenta poesia e possibilidade. Alma de um verdadeiro artista sonhador.

Há ima ingenuidade nisso e falar parece muito fácil. Mas será que talvez não estejamos desistindo de nossos sonhos muito facilmente?

Vale a pena refletir: O que estou fazendo para realizar meus sonhos. Estou dando pequenos passos de cada vez ou estou deixando com que a ansiedade em realizá-los me paralise?

 

5. Os melhores designs são emocionantes para sempre

O quito episódio traz Ralph Gilles, o designer de automóveis da Fiat Chrysler. Na Chrysler eles estão atualmente desenvolvendo o SM1, um carro totalmente elétrico pensado em solucionar vários problemas levantados pelos millenials.

Abstract: The Art of Design

Ele levanta a questão sobre a tendência dos carros se tornarem cada vez mais automatizados e isso pode fazer com que os carros se tornem meramente dispositivos de transporte. Mas ainda há um grande grupo de pessoas que tem paixão por carros e isso dificilmente irá mudar.

Abstract: The Art of Design

E é aí que a questão da emoção entra em cena. Objetos deixam de ser meramente objetos quando transmitem alguma emoção. E o trabalho do designer é justamente esse. Ele faz com que um objeto não seja apenas funcional e bonitinho. O designer transforma-o em algo com que as pessoas se identifiquem de alguma maneira.

Abstract: The Art of Design

Criar tendências leva tempo, e o designer precisa saber o que o consumidor quer antes mesmo que o próprio consumidor o saiba. Não é um trabalho nada fácil, né?

6. A vontade de criar algo novo nunca deve ir embora

A designer Paula Scher é responsável por várias capas de álbuns dos anos 70, pelo design de vários cartazes e identidade visual do Public Theater de NY, logo do Windows 8, do Citibank, do MoMa entre outros.

Abstract: The Art of Design

Ela é apaixonada por tipografia e traduz isso em seu trabalho. Está sempre atualizada, pois acredita que isso é importantíssimo para poder criar. Leva em conta o comportamento humano e o emocional. Ela procura absorver o máximos e informações do cliente  para conseguir traduzir melhor o que o cliente deseja ( e às vezes nem sabe que deseja).

Abstract: The Art of Design

Ela tem 68 anos e continua trabalhando com a esperança de que ainda não fez o seu melhor trabalho. Está sempre pensando em qual será seu próximo trabalho.

 

7.  Buscar a essência das coisas

O fotógrafo Platon traz em seu documentário uma visão muito bacana das coisas. Ele acredita em simplicidade gráfica. Planton já fotografou pessoas como Barak Obama, Michelle Obama, Tina Fey, Kevin Bacon, Prince, Justin Timberlaki, Trump, Berlusconi, Adele, Bill Clinton, Colin Powell entre outros. Trabalhou para a George Magazine e para a The New Yorker.

Abstract: The Art of Design

Platon conversa com as pessoas que está fotografando com o intuito de aprender. O mais importante é a história, a mensagem, o sentimento, a conexão. E como fazer isso chegar até as pessoas.

Abstract: The Art of Design

“Bons designs simplificam um mundo complicado”. É necessário buscar a essência das coisas e eliminar  que não for necessário. Ele valoriza o poder dos sentimentos. É isso que faz com que algo se torne um ícone.

 

8. Empatia é um dos alicerces do design

Para a designer de interiores Ilse Crawford bem-estar é a palavra chave. seu trabalho é criar espaços onde as pessoas se sintam felizes. Ela prioriza as pessoas em seus projetos, colocando experiência humana no início do processo de criação.

Abstract: The Art of Design
Ilse analisa o que o cliente deseja conversando com ele e soma a essa estratégia muita empatia para que seu processo imaginativo se inicie. Ela não está interessada em deixar ambientes apenas bonitos, o foco dela é utilizar materiais que permitam uma sensação tátil agradável. Além disso os cheiros e o visual deve estar de acordo com aquilo que ela quer passar, criando espaços que ativem os 5 sentidos. A ideia é que os ambientes que ela projeta satisfaçam o subconsciente das pessoas que vão experimentá-lo.

Abstract: The Art of Design

Para criar espaços deste tipo é necessário empatia. É preciso se colocar no lugar do outro e entender o que ele sente. É importante saber ouvir as pessoas.

Abstract: The Art of Design

Ela acredita que ao satisfazer as necessidades humanas, deixando-as felizes, ela está contribuindo a sua maneira para um mundo melhor.

Pontos em comum

Cada um desses designers apresentados pela série Abstract: The Art of Design tem seu jeito próprio de trabalhar. Mas observando eu encontrei vários pontos em comum em cada um deles.

Eles são movidos pelo amor à profissão e acreditam na importância que o design tem na vida das pessoas. Cada um a sua maneira está preocupado com questões mais profundas. Se interessam pela história que seu trabalho vai contar e em como eles podem deixar as pessoas um pouco mais felizes. Priorizam o bem-estar e a essência das coisas. Buscam solucionar problemas, levando em conta o comportamento humano e o emocional. Seus trabalhos são muito mais que expressões de arte, são design.

“O design celebra o mundo” – Christoph Niemann

Viu gente? Nem só de séries de ficção vive a Netflix! Dá para garimpar bastante coisa interessante por lá.  Mesmo para quem não é designer vale à pena assistir o documentário Abstract: The Art of Design, pois possibilita conhecer um pouco mais dessa linda profissão.

Beijos e até a próxima!

6 thoughts on “8 coisas que aprendi com a série Abstract: The Art of Design

  1. Danilo Ferreira says:

    Prezada Cyn,

    A procura por informações sobre uma possível segunda temporada para a referida série, encontrei seus comentários sobre a mesma.

    Parabéns por sumarizar tão bem os episiódios. Vou além, design é muito mais que a manifestação visual de alguma idéia, é um mindset para solocionar problemas e simplificar questões de modo a capturar o que é essencial e de valor.

    Sou Eng. Agrônomo e uso design em minhas áreas de atuação ou negócios. Não atoa, hoje a principal técnica de inovação em grandes corporações é o Design Thinking.

    Parabéns mais uma vez,

    Abraços
    Danilo

  2. Karina says:

    Nossa, que texto bacana!
    Eu já assisti tanto a série que decorei algumas falas, e você sintetizou de um jeito bem incrível.

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