Para se encontrar, se permitir florescer, se amar…

Tenho conversado com algumas pessoas e tenho percebido que há um problema comum rondando principalmente pessoas da minha geração. Na verdade eu não sei exatamente sobre as outras gerações, mas muitos que estão nos 30 e poucos estão passando mais ou menos pelo mesmo dilema: precisar se encontrar.

Se encontrar

Eu sei. Está todo mundo vivendo uma crise. Por ter sido criança nos anos 80 eu lembro como era difícil pros meus pais sustentarem a gente com uma inflação galopante. Toda sexta-feira tínhamos que enfrentar horas de fila nos postos de gasolina para abastecer o carro antes que o preço do combustível fosse reajustado ( no caso nosso carrinho usado era à álcool).  As compras no mercado deveriam ser de mês e pesquisando muito os preços pra meio que estocar em casa os mantimentos, antes que tudo aumentasse de novo. Era desesperador pra eles. Os preços de tudo subiam no mesmo dia.  E eu era aquela criança chata que queria comer carne. Depois de adulta minha mãe me contou que além de ser cara a carne estava em falta no mercado, era difícil conseguir. Então ela e meu pai deixavam de comer carne para que nós pudéssemos comer, meu irmão e eu. Eram tempos muito difíceis.

Depois disso, com o plano real, a vida das pessoas mudou. As pessoas conseguiam comprar as coisas, a inflação deu uma freiada, as pessoas conseguiam respirar aliviadas. E meio que fui adolescente e o início da minha vida adulta foi nesse clima mais tranquilo. Tivemos facilidades que nossos pais não tiveram. E tudo ia super bem. Foram anos prósperos para muita gente, de verdade. Era possível se planejar para o  futuro. As viagens ao exterior se tornaram viáveis. Muita coisa mudou pra melhor. Por incrível que pareça.

Preciso me encontrar

Porém, recentemente as coisas deram uma piorada novamente. Claro que nem se compara com o que era antes. Mas o momento é de uma série de incertezas e medos. Há uma crise política, social e econômica. O desemprego rondando como fantasma. Pessoas brigando no Facebook quando ao mesmo tempo buscam se reafirmar. Quando no fundo estão buscando aprovação. E aí, quando conversamos descobrimos que o sentimento é mais ou menos o mesmo: “preciso me encontrar”.

Ao mesmo tempo que se prega uma liberdade de ser quem se é, liberdade de escolher o que quiser, uma constante busca por aprovação está cada vez mais gritante. E as pessoas cada vez mais infelizes e perdidas.

Quem você pensa que é?

Eu não sou absolutamente ninguém pra te dizer como se encontrar. Não sou psicóloga nem nada. Mas eu acho que posso ajudar contando um pouquinho da minha experiência.

Aí que eu te proponho o seguinte exercício: E se a gente começasse por se desligar um pouco da opinião alheia, do que esperam da gente e se concentrasse em nosso bem estar? Assim, sem ter que postar tudo na internet pra dizer “olha como eu sou feliz e realizada!” quando na verdade se está infeliz consigo mesma (o)? Ah, deixa eu contar um segredo: ninguém está feliz o tempo todo tá? É ilusão de internet.

“Ah, Cynthia, mas me concentrar em mim mesma dá muito trabalho, fico me achando horrível, péssima e lembrando dos problemas. Pelo menos os elogios da internet me fazem sentir um pouco melhor“. Ok, eu compreendo. Aliás, esse é o motivo que muita gente faz selfie. Eu mesma comecei a fazer selfie por uma questão de autoestima abalada. Mas sabe onde foi mesmo que eu me senti feliz de verdade? Quando comecei a me dedicar a ajudar o próximo.

Pensando no próximo, talvez?

Já assistiram o filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain? (Se não viu, deveria, é ótimo!).  É mais ou menos essa a filosofia. Fazendo pequenos gestos para melhorar o dia de alguém. Fazendo pequenas doações aqui e ali. Me importando com os problemas de pessoas próximas e me dispondo a ouvir, aconselhar, essas coisas… Quando faço isso, me tiro do centro do meu universo e coloco outra pessoa. Ajudo no que posso e a sensação de alegria que me dá é genuína.  E faço sem esperar nada em troca. Faço mesmo quando não estou muito legal.

Parece papo de crente, mas não é não. Sempre haverá uma ONG pra ajudar, uma pessoa pra estender a mão. Nesse processo a gente acaba aprendendo sobre outras realidades diferentes da nossa. Aprende a julgar menos, a amar mais. No fim das contas até percebemos que a gente nem tá tão ruim assim, vai.

É certo que você vai se encontrar assim? Não sei. Sei que para mim ajudou bastante, e ainda ajuda. Mas uma coisa eu posso garantir: uma vez que olhamos para o lado, percebemos que não somos o centro do universo. Percebemos que julgamentos alheios são inúteis para a nossa evolução. O que as pessoas pensam é problema delas e o que importa de verdade é como você se sente em relação a você mesma(o).

Se conhecer para se encontrar. Permitir-se florescer.

Permita-se se conhecer. Entrar em contato com a pessoa que você é. Aceite e agradeça quem é, melhore o que tiver de melhorar, permita-se florescer. Mas faça-o por você mesmo, e não preocupado no que os outros vão pensar.

Esqueça a opinião dos outros. Faça caridade (seja ela qual for: doação, um ombro amigo, um pequeno gesto de carinho). Concentre-se nos problemas dos outros e tente encontrar maneiras de ajudar. Perceba que todos temos problemas e que ninguém é efetivamente melhor do que ninguém. Lembre-se que, apesar das aparências de internet, não sabemos nada da vida do outro. Não sabemos o que o outro está passando de verdade. Depois disso, volte a si mesma, se abrace, se aceite, se ame e melhore o que achar que deve. Repita o processo.

Não tem fórmula mágica. O que tem é um constante aprendizado. Desafios diários e oportunidades constantes de fazer o bem. Só olhar em volta. E depois olhar de novo para dentro de si. Não é fácil não. Primeiro vamos ver um monte de coisas que a gente não gosta. E quer saber a verdade? O que a gente não gosta em nós é sempre o que vai sobressair. Temos dificuldades de enxergar nossas qualidades.

Eu mesma, como disse acima, tenho a autoestima super abalada. Estou 100% satisfeita com o meu corpo? Ainda não, mas continuo trabalhando para mudar isso. É um exercício diário me aceitar. Tem dia que simplesmente bate a bad e não rola mesmo. Mas aí tem que deixar passar. Às vezes dura mais de um dia até. Só que tem uma hora que é preciso sacudir a bad pra lá e retomar as rédeas do seu bem estar. Ninguém pode te deixar feliz com você mesma a não ser você mesma.

Independente da opinião dos outros é importante você se fortalecer e viver a sua verdade. O que te faz feliz. Pois se a gente não se fortalece, qualquer comentáriozinho maldoso ou crítico já deixa a gente super mal. É preciso se fortalecer para não cair nessas armadilhas.

Se autoavalie e lembre-se: não há respostas prontas!

O que você acha que é super legal em você? Quais são seus talentos? Por que você acha que seus amigos te amam e querem o seu bem? E por aí vai.

Agora, o que você acha que poderia melhorar em você? Com base na SUA própria opinião, o que você acha que pode ser aprimorado? Esquece a opinião dos outros e responda sinceramente o que você quer pra você. Essa pergunta só você mesma pode responder. Você é responsável por sua evolução e felicidade. Mais ninguém.

Não é fácil. Não tem respostas prontas. Não há gabarito pra vida. Por mais que alguém venda a imagem de que é super bem resolvida, pode apostar que na vida particular tem sempre algo que incomoda. A gente nunca está (e acho mesmo que nunca estaremos) 100% satisfeitas com nós mesmas. É ou não é?

Então o que eu posso dizer é: ame-se do jeitinho que você já é. Aprimore o que der para ser aprimorado e aceite o que não der. Mas lute sempre pra ser uma melhor versão de você mesma. Não é nada fácil. Ninguém disse que seria. Mas exercite esse amor próprio. Pois no final das contas, quem tem que conviveram você 24 horas por dia, é você mesma.  Partiu se amar? Ou pelo menos exercitar o amor próprio até conseguir? Já é um começo.

Falando nisso, já viram o texto sobre sair da zona de conforto? Dá só uma olhada!

Beijos e até a próxima! <3

3 thoughts on “Para se encontrar, se permitir florescer, se amar…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.