Dia dos Namorados – Vamos falar de amor?

Hoje é dia dos namorados. E a coisa mais clichê do mundo é falar de amor. Como já dizia Fenando Pessoa, “Todas as cartas de amor são ridículas“. O pobre do amor é ridicularizado, banalizado, culpado injustamente por dores de corações dilacerados. Mas veja bem, a culpa nem é dele. A culpa é de quem diz “eu te amo” como quem dá um bom dia, sem sentir. Ou muitas vezes de nós mesmo que tolos apaixonados nos iludimos com o primeiro sorriso que vemos. Paixão, porém, não é amor.  Quando há amor, aquele verdadeiro, a coisa muda de figura.

amor

A verdade é que no fundo no fundo todos procuramos amor. E só quem ainda não amou de verdade pode achar a ideia ridícula.

Amor está nos pequenos gestos. No cuidado do dia a dia. No pedido de desculpas sincero depois de um desentendimento bobo. Engana-se quem acredita que é preciso gestos épicos de contos de fada.

O amor é aquele aconchego carinhoso, é se sentir feliz só porque o seu amor deu uma gargalhada gostosa. É quando a gente quer de verdade que o outro seja feliz e torce para que ele se sinta realizado em todos os aspectos. Amor é parceria, é confiança, é superar as dificuldades lado a lado e sempre achar um meio de fazer o outro feliz. É um bem-querer que vai muito além do tesão, do sexo, da paixão. É a sensação de segurança, se ter encontrado um lar. É a sensação de chegar em casa e estar seguro das ameaças do mundo.

É querer apertar aquela pessoa sem o menor motivo e ficar ali aconchegado naquele abraço quentinho. De vez em quando até dar umas mordidinhas. É ficar feliz em fazer nada em sua companhia.

Amor é uma via de mão dupla, é dar e receber na mesma proporção. Uma troca. Mas para entender bem o que isso significa, é necessário antes de mais nada amar a si próprio.

É aprender dia após dia mais algum detalhe de quem se ama. É aceitar seus defeitos sim, amá-lo apesar deles, e ainda assim ajudar um ao outro a se tornarem pessoas melhores. E ao mesmo tempo ter manias bobas em conjunto. É a serenidade de saber que não precisa de data especial para trocar presentes. É a tranquilidade de que não precisa de presente. Mas se quiser presentear, tudo bem, afinal qualquer motivo é válido para arrancar um sorriso do seu bem. É lembrar da pessoa por uma besteirinha qualquer que viu na rua, um bombom que seja,  e fazer um agrado, um afago. É sair pra jantar fora em um date quando tiver vontade, ou ficar em casa sábado a noite e  cozinhar juntinhos. Tudo bem.

Mas nada disso vem em um passe de mágica, à primeira vista. Pelo contrário. O amor é o sentimento que faz com que duas pessoas queiram continuar juntas superando as diferenças, aprendendo a conhecer os limites uma da outra. Ajustes que são feitos pouco a pouco, uma cumplicidade que cresce a partir disso. O amor inspira essa união, mas ele só pode se fortalecer com o tempo, com o convívio. É uma construção, tijolo por tijolo, até formar um confortável lar. Pode ser uma casinha, pode ser um castelo, onde você se sentir mais feliz. Mas como qualquer casa, exige manutenção e cuidados que nunca tem fim. Cuidar. Cultivar.

Amor não faz milagres, mas é a magia mais poderosa que existe. Amor de verdade. Não essas paixonites que acabam tão logo a química se esgota. Sem confiança, companheirismo, consideração, amizade, o amor não se sustenta. Mas amor quando é verdadeiro, engloba tudo isso por si só.

Contraditório sim. Amor verdadeiro é trabalhoso sim. As brigas e desentendimentos vão existir, é fato.  Talvez por isso as pessoas não saibam o que é amar de verdade. É fácil dizer “eu te amo”, mas sentir, viver o amor, se entregar de peito aberto para o que vier, se dedicar de verdade, essa é a coisa mais difícil de todas.  Mas vale a pena. Vale sim.

Se me permite dar um conselho: Ame. Ame muito. A vida fica muito mais bonita quando se tem amor. A começar pelo próprio. De resto, como diria Carlos Drummond de Andrade, amar se aprende amando.

“(…)Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.(…)” – Fernando Pessoa

Feliz dia dos namorados pra quem tá namorando e pra quem tá apenas se amando. E pra quem ama, seja quem ou o que for.

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