Tem livros que simplesmente acontecem na sua vida. Como se você olhasse pra ele e ele te chamasse. O livro A Livraria Mágica de Paris, da escritora alemã Nina George, fez isso comigo. E contrariando a antiga sabedoria popular de “não julgar o livro pela capa”, foi exatamente isso que fiz. Eu o vi, e o comprei, sem saber o que esperar dele. E para minha surpresa, ele era exatamente o que eu precisava ler.
Monsieur Perdu e seu barco-livraria
Quem já visitou Paris sabe que ao longo do rio Siena existem vários barcos. Alguns deles sempre ancorados. No livro, Monsieur Perdu é um homem de meia-idade dono de um desses barcos, onde ele mantém uma adorável livraria.
Sua Farmácia Literária, como é chamada sua livraria, e Perdu tem o talento de “prescrever” livros para todas as dificuldades da vida. Apesar de seu inegável talento de ler bem as pessoas, o livreiro de meia-idade trancou seus sentimentos junto com todas as coisas que o lembravam de sua amada em um quartinho de sua casa.
Algumas coisas acontecem e ele se vê obrigado a reabrir aquele quarto. Mais do que isso, ele se vê obrigado a ler a última carta que sua amada deixou e que ele sequer conseguiu abrir.
A Jornada de Monsieur Perdu
Depois de passar 20 anos trancado em si mesmo, sem jamais se permitir sentir alegria alguma na vida, ler esta carta faz tudo mudar.
Perdu (que significa perdido em francês) se dá conta do mal que fez em simplesmente deixar de viver todos esses anos. Com a intenção de fazer as pazes com o passado e consigo mesmo, ele parte em uma viagem surpreendente com seu barco em direção ao sul da França.
Inesperadamente, um jovem e famoso escritor decide viajar com Perdu, e no caminho ambos desenvolvem uma valiosa amizade. Ambos conhecem várias pessoas ao longo de sua jornada, e a troca que se dá é muito rica. Cada personagem tem sua própria história, e Perdu vai ajudando quem vai surgindo pelo caminho.
Porque me encantei com A Livraria Mágica de Paris
Quando comprei o livro foi muito pela intuição. Olhei a capa e senti que ele seria leve e alegre. Não estava enganada, mas o que o livro me proporcionou foi muito além do que simples horas de diversão.
O livro trata de uma maneira delicada e poética a difícil superação de um luto. Todo o livro traz trechos memoráveis sobre o amor, sobre a amizade e sobre a importância de se permitir viver e sentir apesar das perdas. Mostra como família podem ser os amigos que fazemos pelo caminho.
E de quebra, quem ama livros, vai se apaixonar pela maneira como esta obra é uma verdadeira declaração de amor à eles. Fiquei com vontade de ter uma livraria para vocês terem uma ideia. E com vontade de voltar à França também.
Como vocês podem perceber, é um livro mais voltado para o público adulto. Uma aventura diferente, mas cheia de significado. Uma obra tocante. Se Monsieur Perdu existisse de verdade, certamente recomendaria este livro para as dores da alma.
A Livraria Mágica de Paris é publicado pela Editora Record, e a tradução é de Petê Rissatti. 🙂
Ah! No final do livro tem receitas da Provence e uma lista com todos os livros citados na obra e para que seriam prescritos. Fofo né?
Quer mais resenhas? Dê uma olhada aqui. 😉