Papo sério: Homofobia é doença e discurso de ódio é crime.

Recentemente, conversando com algumas pessoas e ouvindo diversas opiniões, eu me peguei refletindo sobre algumas questões comportamentais. Não sou psicóloga e nem nada parecido, mas, como escritora, eu sempre tive essa “mania” de observar o mundo ao meu redor. Principalmente o comportamento das pessoas que me cercam. Já comentei sobre essa minha mania de observar no post anterior, né? Mas desta vez quero falar sobre homofobia.

homofobia

Assim, testemunhei algumas declarações extremamente agressivas. Um verdadeiro discurso de ódio que me assustou e me fez procurar refletir sobre o motivo de alguém sentir tanta raiva.  O que eu ouvi foi mais ou menos assim:

“Pode ser viado, mas tem que ser homem!”
“Fulano em tal cidade se veste de mulher e compra absorvente, dá vontade de dar uma porrada nele!”

Fiquei me perguntando: porque essa pessoa está se incomodando tanto com alguém que ele sequer conhece, apenas ouviu falar, que se veste com roupas femininas e compra absorvente a ponto de querer bater nessa pessoa? O que faz com que alguém sinta tanta raiva assim de outra pessoa só porque ela foge dos padrões impostos pela sociedade. Ao que me consta, vestir-se com roupas do sexo o posto e comprar absorvente não é crime nenhum. Por que sentir tanto ódio contra alguém pelo o que ele faz ou deixa de fazer em sua vida particular?

O que me assusta ainda mais é que não é algo pontual. Não são poucas pessoas que pensam dessa maneira. Vejamos o caso que foi divulgado na segunda-feira sobre um juiz do DF ter concedido uma liminar para que psicólogos ofereçam terapia para reorientação sexual, vulgarmente conhecida como cura gay. Lógico que gerou controvérsias. É claramente um retrocesso considerar homossexualidade como um desvio, uma doença, quando sabemos que não é bem assim.

A minha reação foi rir para não chorar. Pois se você avaliar bem direitinho, parece piada. Piada daquelas de mau gosto. E voltamos à questão inicial: mas porque cacetes voadores as pessoas se incomodam tanto com o que os outros fazem ou deixam de fazer com sua vida particular? Não é crime, não é doença, não é afronta ser gay, drag queen, transgênero, ou qualquer coisa que o valha. Assim como não é crime e nem doença ser hétero, ser careta, gostar de ficar em  casa vendo netflix ao invés de sair pra balada pegar geral. Também não é crime e nem doença seguir essa ou aquela religião. Ou gostar de rock ao invés de axé. Ser de virgem com o ascendente em libra ao invés de ser de leão ou peixes, entende onde eu quero chegar?

Cada um que sabe de sua própria vida e, se não estamos cometendo crime algum, fazendo mal a ninguém, o que cada um faz com sua vida e seu corpo é pessoal e intransferível. Além disso, não cabe a ninguém julgar. Porque convenhamos, ninguém é melhor do que ninguém e todos vamos ter o mesmo fim. Isso todo mundo já está careca de saber mas parece que as vaidades fáceis midiáticas e imediatistas fazem com que a maioria esqueça do básico.

É bem simples: viva e deixe viver. Seja feliz e permita que os outros sejam também. O seu direito termina onde começa o do próximo. São máximas antigas porém básicas, mas muita gente parece esquecer.

No mais, se você se incomoda tanto pra quem fulano dá ou deixa de dar, se ele usa uma melancia na cabeça ou um abacaxi pendurado no pescoço, se você se incomoda tanto com o que os outros fazem a ponto de sentir ódio e querer agredir verbal ou fisicamente uma pessoa… meu querido, isso sim é doença e você precisa se tratar. Homofobia é doença. Discurso de ódio é crime.

Resumo da ópera: cada um é que sabe melhor de si mesmo. Deixa os garotos brincar. Se quer se indignar com alguma coisa, se indigne com a situação do nosso país. Das pessoas vivendo nas ruas, das crianças doentes abandonadas na África. Se indigne com o terrorismo, com as guerras, sei lá. Mas cuida da sua vida, da sua própria saúde mental. Ajude os Médicos Sem Fronteiras, que tal?  E se tiver muito ocioso, que tal trabalho voluntário? Mente vazia laboratório do capeta. Fica a dica.

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