Resenha do filme A Cabana – emocionante, toca a alma.

Assisti ontem ao filme A Cabana e o que eu tenho a dizer é: assistam. O filme é simplesmente transformador, edificante, e pode mudar sua maneira de ver as coisas.  É como um afago aos corações mais sofridos. Mas é capaz também de nos fazer encarar de maneira honesta nossas próprias dores.

A Cabana

Para quem não leu e nem viu o filme, eis a sinopse: A filha mais nova de Mack, Missy, desapareceu durante as férias da família e as evidências encontradas em uma cabana abandonada em meio às florestas do estado do Oregon apontam para um brutal assassinato. Quatro anos depois, em meio a uma Grande Tristeza, como ele mesmo descreve, Mack recebe uma carta suspeita, aparentemente escrita por Deus, convidando-o a voltar à cabana para um final de semana. Contra seus melhores argumentos, Mack chega ao local em uma tarde fria e caminha em direção ao seu pior pesadelo. O que ele encontrará ali vai mudar sua vida para sempre.

Acredito que quando a a Sam da Otagai me enviou o ingresso para ver o filme A Cabana ela não imaginava o tamanho do presente que estaria me dando, do bem que me faria. Eu não tenho palavras para agradecer.

Dito isso, preciso avisar a vocês que a partir daqui contém spoilers.

O livro do escritor canadense William P. Young foi lançado no Brasil em 2008. Não lembro exatamente quando foi que eu o li, mas lembro as emoções que me causou. Um livro lindo, de uma sensibilidade absurda, que nos toca profundamente. Na época que li eu já havia perdido o meu pai e certamente me ajudou nesse processo.

Agora, 1 ano depois de ter perdido a minha mãe, o ingresso para ver o filme veio para mim como o convite que Mack recebe para ir encontrar Papai na cabana. Ir à cabana mudou a vida de Mack, bem como assistir ao filme está mudando a minha vida. A Cabana funciona como uma verdadeira catarse, e eu não consigo encontrar palavras para explicar para vocês a intensidade da experiência sem me tornar redundante. Eu chorei praticamente o filme todo.
A Cabana

A doce filhinha de Mack é sequestrada e assassinada. Mack se culpa profundamente por não ter conseguido salva-la. Se culpa por ter desgrudado os olhos dela por um segundo pra salvar seus outros filhos de morrerem afogados no lago em que brincavam. Culpa a Deus por ter permitido que um psicopata fizesse mal à sua garotinha. A perda de Missy abala quase que irremediavelmente a dinâmica da família que era unida e se amava demais. A tristeza está afastando os filhos do pai. E o pai não consegue lidar com a própria dor.

Ao receber a carta, a princípio, Mack acredita ser uma brincadeira de mau gosto de alguém. Mas está sofrendo tanto que resolve ir até o local. É lá que tudo começa a mudar. Ele encontra Deus. E esse encontro é a coisa mais emocionante que você vai ver.

Deus aparece em três formas. Papai ( interpretada pela atriz Octavia Spencer) mostrando que Deus pode tanto ser pai quanto ser mãe, dependendo da sua necessidade do momento. Aviv Alush interpreta Jesus, um cara amigo e acessível, cheio de bondade, indulgência e amor no coração. O tipo de pessoa que você se sente à vontade de estar perto. Sumire interpreta Sarayu (Espírito Santo) de maneira delicada e carinhosa, sua fala é suave e doce, quase como um anjo.

A Cabana
Jesus, Mack, Papai e Sarayu

Imediatamente, quando Mack chega à cabana, você tem vontade de ter ido junto com ele receber um abraço gostoso de Deus. A sensação que se tem é de ter finalmente chegado em casa depois de um período de escuridão e desespero. A simbologia disso tudo é muito forte, principalmente quando você liga as peças ao final do filme.

Eu já chorei no início junto com Mack quando ele perde sua filhinha. Mas a parte que me fez abrir a cachoreira de emoções foi quando Alice Braga, a sabedoria, aparece na tela e pede para Mack julgar o bem e o mal. Esse é o momento em que a catarse acontece de verdade. O tempo inteiro que ele está na cabana ele está revoltado com Deus. Se sente mais à vontade do lado de Jesus, e Sarayu consegue com que ele fique um pouco mais sereno. Mas a mágoa que ele tem de Deus é grande demais, até que se vê na situação em que tem que se colocar no lugar de Deus e julgar e condenar seus filhos. É nesse momento que ele realmente entende os designos de Deus e eu também.

O filme é todo sobre perdão e amor. Antes de qualquer coisa, Deus o ajuda a perdoar a si mesmo. A entender que a culpa de Missy ter se perdido de maneira tão trágica não era de Mack. É um processo doloroso. Mas ainda mais difícil para ele foi perdoar Deus. Ele questiona o tempo todo porque Deus deixou que aquilo acontecesse com sua filhinha. Será que Deus não amava Missy? Claro que amava. E Deus mostra que sempre sofre junto de seus filhos e não os abandona um segundo sequer. Quando Mack perdoa Papai é como um peso saísse dos ombros dele e dos nossos ombros também. Porém ainda falta a parte mais difícil: perdoar o assassino de sua filha. Parece impossível, mas Papai explica que estará sempre nos ajudando a perdoar.

A Cabana

Nesse momento que eu lembro da oração “perdoai nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido”. Com a licença de Deus eu gosto de orar da seguinte forma “perdoai nossas ofensas e ensina-nos a perdoar a quem nos tenha ofendido”. Faço isso, pois ainda estou aprendendo a perdoar, e preciso muito da ajuda de Papai para fazê-lo.

Sinto que, com tudo que me aconteceu – perder primeiro meu pai e mais recentemente minha mãe, fora outras coisas tristes da minha vida – me afastei de Deus. Me revoltei contra ele, fiquei magoada. E continuo magoada. Mas sinto saudade de Papai como sinto saudade dos meus pais. Me dói muito tudo isso. Eu gostaria de ir até a cabana. Me faria um bem tão grande ter esse privilégio de ter Deus me ajudando a organizar meu jardim de emoções que anta uma bagunça assim como o jardim de Mack. Muito embora eu saiba que não é possível, o filme me levou bem perto disso. E eu só tenho a agradecer.  Eu sei que Papai me perdoa por ter ficado brava com ele.  Mas agora eu preciso buscar seu afago.

A Cabana é um filme que todos deveriam assistir. Principalmente aqueles que já perderam alguém e estão lidando de alguma forma com o luto. Preparem os lenços, vocês vão precisar.

A Cabana
Papai mandou dizer <3
Mais informações:

Estrelado por Sam Worthington, Octavia Spencer, Avraham Aviv Alush, Radha Mitchell, Alice Braga, Sumire, Amelie Eve, Megan Charpentier, Gage Munroe, Graham Greene e Tim McGraw.

Direção de Stuart Hazeldine.

Escrito por William Paul Young, em colaboração com Wayne Jacobsen e Brad Cummings.

Roteiro por John Fusco e Andrew Lanham & Destin Cretton.

Produzido por Gil Netter, Brad Cummings.

Todas as imagens do post são do site oficial do filme.

Facebook do filme no Brasil: https://www.facebook.com/acabanaofilme/

2 thoughts on “Resenha do filme A Cabana – emocionante, toca a alma.

  1. Cadu Fernandes says:

    Parabéns, Cyn, pelo excelente texto. Além de possuir uma ótima narrativa, você tem muita sensibilidade para perceber detalhes das cenas, como também da alma humana. Show!
    Quanto à sua vontade de também estar na “Cabana”, trata-se apenas de uma metáfora para a nossa mente inconsciente. A gente pode ir até lá (nossa Cabana) através de um transe guiado mais profundo. E ao chegar lá, no nosso local seguro, no nosso local sagrado, conseguiremos acessar os traumas e as crenças que limitam as nossas vidas e relações.
    Perdi esse ano a minha mãe com Covid e a minha irmã com câncer. A meditação e a hipnose me ajudaram bastante na condução de todo esse processo, sem precisar enfrentar a dor do Mack, protagonista do filme, e a sua raiva de Deus. Estudos nas áreas de Psicologia Positiva, Hipnose Clínica e Coaching Ericksoniano me ajudaram bastante na aceitação e na compreensão de algumas leis universais e da espiritualidade. Hoje, como Master Coach, posso dizer que também passei pela Cabana, pois enfrentei muitas perdas significantes em várias áreas da minha vida e precisei renascer através do perdão, da gratidão, do não julgamento e da aceitação das minhas sombras. Bj no seu coração e obrigado pela sua análise do filme.

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